sábado, 21 de abril de 2018

Mais de 100 académicos e investigadores internacionais pedem ao Presidente da França que “corrija” a posição francesa em relação ao Sahara Ocidental





Mais de 100 académicos e investigadores internacionais pedem ao presidente francês Emmanuel Macron que "corrija" a posição da França a favor do direito do Sahara Ocidental, destacando que a França tem uma "grande" responsabilidade na descolonização deste território ocupado pelo Marrocos.

"É hora de o Estado francês corrigir a sua posição a favor da aplicação da legalidade internacional no Sahara Ocidental, desempenhando um papel de liderança na resolução pacífica do conflito junto com as instituições internacionais", afirmam os académicos e investigadores de vários países, incluindo França, Espanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Suíça, Itália e Japão, em uma carta aberta ao presidente francês, enviada ao Elysée na quarta-feira e que a agência argelina APS teve acesso.

Os signatários referem na sua carta que "a França, todos os anos, em abril, apoia no Conselho de Segurança a posição marroquina que se recusa a estender o mandato da missão de paz no Sahara Ocidental (MINURSO) ao monitoramento dos direitos humanos, e também a implementação de um referendo sobre autodeterminação, o primeiro objetivo do acordo de cessar-fogo em 1991. " Os mais de cem intelectuais ocidentais lembram na sua carta: "não esqueçamos, o objetivo da ONU desde 1966, em relação ao território" observando que a ONU, a OUA e a UA continuam a considerar que a ocupação deste território persiste com assentamentos dos colonos.

Os subscritores da carta - cheia de chamadas de atenção e argumentos históricos e jurídicos que demonstram que Marrocos não tem soberania sobre o Sahara Ocidental - destacam "a exploração dos recursos naturais do território, do banco de pesca e fosfatos saharauis, uma das principais riquezas cobiçadas do Sahara Ocidental ". Os signatários denunciam a aculturação da população como política planeada do ocupante contra a sociedade saharaui e denunciam os casos de violações dos direitos humanos, de que são exemplo o caso de presos políticos saharauis mantidos em prisões marroquinas.

Referem a este respeito, "que nada hoje pode justificar a posição francesa, se não interesses económicos e geoestratégicos de pouco alcance, com consequências deploráveis para a estabilidade no Magreb e migração irregular para a Europa." Os intelectuais questionam na sua carta: "Como pode o Estado francês, nos últimos anos, reivindicar um papel importante na manutenção da ordem política regional no Sahel enquanto adia a aplicação do direito internacional no Sahara Ocidental?".

Os académicos ocidentais concluem a sua carta interpelando o presidente da França: "Pedimos ao Estado francês a que V. Exa preside, para que inclua o conflito do Sahara Ocidental na agenda das próximas reuniões do G5 do Sahel, para encorajar o Estado marroquino a respeitar escrupulosamente a legalidade internacional e o direito internacional humanitário, para libertar os presos políticos saharauis, para apoiar a rápida organização de um referendo sobre a autodeterminação do povo saharaui, observando que "qualquer solução deve basear-se no respeito do direito internacional”.

Fonte:  APS



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